Um filme que nos traz a ironia das semelhanças entre a personagem Riggan e a carreira do actor Michael Keaton, aludindo ao sucesso passado alcançado pela interpretação de super-heróis no cinema (Bidrman/Batman) e com uma carreira em decadência desde aí. As incertezas assolam o espírito da personagem, dividido entre a dicotomia de almejar o reconhecimento por um trabalho de alto valor cultural ou a fama por um projecto mais comercial. O declínio financeiro, a relação conturbada com a namorada, ex-mulher e filha e alucinações com a personagem a que deu corpo no passado, contribuem ainda mais para o estado de desespero da personagem, que parece ver no sucesso da peça que encena a única solução para todos os seus problemas. Um filme onde Iñarritu consegue ser crítico tanto da indústria de Hollywood como da Broadway, onde um único crítico usando meia dúzia de frases feitas tem o poder de decidir o sucesso ou a queda duma peça. A realização é excelente, dando a ideia dum plano contínuo onde a câmara se desloca pelos bastidores do teatro em direcção às personagens, dá um tom mais realista ao filme, válido também pelas excelentes prestações de Michael Keaton, Emma Stone e Edward Norton (como sempre!). 119 minutos bem empregues :)