Lincoln (2012)

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a crítica

É sabido que quando Daniel Day-Lewis aceita um papel, normalmente o filme vai ser de grande qualidade e, talvez por isso, «Lincoln» sofra de uma expectativa demasiado elevada, não só por causa da participação de um dos melhores actores vivos, mas também porque o realizador é nada menos do que Steven Spielberg, o rei Midas de Hollywood. Além do mais, «Lincoln» não é, como muitos pensam, um biopic sobre a vida completa de Lincoln. É uma adaptação do livro biográfico «Team of Rivals: The Political Genius of Abraham Lincoln», de Doris Kearns Goodwin, que se centra nos últimos quatro meses de vida do presidente norte-americano. Tendo este aspecto em conta, percebe-se o porquê do cineasta ter preferido retractar Lincoln num contexto de grande importância, nomeadamente, na discussão judicial e política que levou à abolição da escravatura. Isto é, o filme não é tanto sobre a "pessoa-Lincoln", mas sobre o que o presidente norte-americano fez para que a escravatura fosse ilegalizada. Por este motivo, «Lincoln» mais parece uma espécie de documentário pouco aprofundado, remetendo a narrativa para tons heróicos que destoam grossamente do ambiente dramático envolvente. Vale sobretudo pela performace assombrosa de Daniel Day-Lewis, provando que certos actores conseguem carregar literalmente com um filme às costas.”
Paulo Figueiredo, Cinema PTGate